Artigos | Postado no dia: 5 fevereiro, 2025

Contratos de fornecimento: pontos de atenção para evitar inadimplências

Os contratos de fornecimento são essenciais para empresas que dependem de insumos, produtos ou serviços de terceiros. Contudo, a inadimplência em tais contratos pode gerar prejuízos financeiros e operacionais significativos.  

Por isso, é crucial adotar boas práticas jurídicas para prevenir riscos e garantir a execução adequada das obrigações assumidas pelas partes. A seguir, destacamos os principais pontos de atenção para elaborar contratos de fornecimento sólidos e minimizar o risco de inadimplência. 

  1. Definição clara das obrigações das partes

Um contrato bem redigido deve conter descrições detalhadas sobre os bens ou serviços fornecidos, incluindo: 

  • Quantidade e qualidade dos produtos; 
  • Especificações técnicas; 
  • Prazos de entrega; 
  • Formas de inspeção e aceitação. 

A precisão na redação dessas obrigações evita ambiguidades que possam ser usadas para justificar o inadimplemento. 

Além disso, também é importante detalhar os padrões de qualidade esperados, especificando normas técnicas e regulamentações aplicáveis ao setor. Isso ajuda a evitar conflitos decorrentes de expectativas mal alinhadas entre as partes contratantes. 

  1. Condições de pagamento e cláusulas de multa

Definir claramente as condições de pagamento é essencial para evitar atrasos e inadimplência. Recomenda-se: 

  • Especificar prazos e formas de pagamento; 
  • Prever penalidades por atraso, como juros moratórios e multa; 
  • Exigir garantias, como caução, seguro-garantia ou fiança bancária. 

Outra medida eficaz é a inclusão de um cronograma de pagamento atrelado à entrega de produtos ou à execução de serviços. Assim, o fornecedor tem segurança de recebimento conforme avança com as entregas e o contratante reduz riscos de desembolso por produtos não entregues. 

  1. Cláusula de reajuste e reequilíbrio contratual

A previsão de reajustes periódicos conforme índices econômicos evita que o fornecedor fique impossibilitado de cumprir suas obrigações devido à desvalorização da moeda ou aumento de custos. Entre os índices mais comuns estão o IPCA e o INPC, utilizados para reajustar valores conforme a inflação. 

Além disso, uma cláusula de reequilíbrio contratual permite a renegociação em casos de alterações econômicas substanciais que impactem a viabilidade do fornecimento. Um exemplo seria a alta abrupta no preço de matérias-primas essenciais para a produção. 

  1. Exigência de documentação e compliance

A checagem prévia da idoneidade do fornecedor reduz riscos. Antes da assinatura do contrato, é recomendável: 

  • Analisar certidões negativas de débitos fiscais e trabalhistas; 
  • Exigir comprovação de regularidade em órgãos reguladores; 
  • Avaliar referências comerciais e histórico de cumprimento de contratos. 

A inclusão de uma cláusula de compliance também é recomendada para garantir a observância às leis e regulamentos aplicáveis. Isso é essencial para evitar sanções legais e manter a reputação da empresa intacta. 

  1. Cláusulas resolutivas e de rescisão

Prever situações que possam levar ao encerramento do contrato protege a empresa contra riscos de inadimplência prolongada. Algumas condições importantes incluem: 

  • Descumprimento reiterado de prazos e pagamentos; 
  • Falência ou recuperação judicial; 
  • Alteração unilateral das condições pactuadas sem anuência da outra parte. 

Uma rescisão bem definida reduz perdas financeiras e possibilita a busca de novos fornecedores rapidamente. Para evitar litígios, recomenda-se especificar as penalidades aplicáveis à parte inadimplente. 

  1. Mecanismos de solução de conflitos

A previsão de mecanismos para solução extrajudicial de conflitos pode evitar longos processos judiciais. Algumas alternativas incluem: 

  • Mediação e arbitragem; 
  • Câmaras de conciliação; 
  • Foro de eleição previamente estabelecido. 

Essas medidas garantem maior celeridade e reduzem custos com litígios. A arbitragem, por exemplo, é amplamente utilizada em contratos empresariais, pois possibilita uma resolução mais rápida e sigilosa dos conflitos. 

  1. Monitoramento e auditoria contratual

Uma gestão ativa do contrato minimiza riscos de inadimplência. Isso pode ser feito por meio de: 

  • Auditorias periódicas para verificar a conformidade do fornecedor; 
  • Monitoramento de indicadores de desempenho (SLA); 
  • Controle contábil rigoroso dos pagamentos e recebimentos. 

Dessa forma, é possível agir preventivamente diante de sinais de risco e evitar prejuízos decorrentes da inadimplência. 

Conclusão 

Os contratos de fornecimento exigem atenção minuciosa para evitar problemas futuros. Cláusulas bem estruturadas e mecanismos de controle eficientes garantem maior segurança na relação comercial e reduzem significativamente os riscos de inadimplência. 

Adotar boas práticas jurídicas e um monitoramento contínuo são medidas essenciais para garantir a continuidade dos fornecimentos sem intercorrências inesperadas. 

Em caso de dúvidas, entre em contato com um advogado tecnicamente habilitado para uma orientação adequada e de acordo com o seu caso.