Artigos | Postado no dia: 11 fevereiro, 2025

Due diligence jurídica: o que avaliar antes de uma aquisição empresarial

A due diligence jurídica é uma etapa essencial em qualquer processo de aquisição empresarial, pois permite que o comprador avalie os riscos e as obrigações associadas ao negócio que pretende adquirir. No Brasil, essa análise deve considerar aspectos regulatórios, contratuais, tributários, trabalhistas, ambientais e de propriedade intelectual.  

Um exame minucioso pode evitar que o comprador assuma passivos ocultos que comprometam a rentabilidade e a segurança do investimento. Siga com a leitura! 

O que é due diligence jurídica? 

A due diligence jurídica é uma investigação detalhada sobre a situação legal da empresa alvo. Seu objetivo é identificar passivos ocultos, potenciais litígios e riscos que possam comprometer o valor do negócio ou gerar impactos futuros ao comprador. Esse processo envolve a análise minuciosa de documentos, contratos, litígios, regulamentos aplicáveis e obrigações fiscais, garantindo que todas as variáveis legais sejam devidamente avaliadas. 

No contexto brasileiro, a due diligence deve levar em conta a complexidade do ambiente regulatório e a diversidade de leis que regem cada setor da economia. Empresas que atuam em segmentos específicos, como saúde, tecnologia e infraestrutura, por exemplo, estão sujeitas a regulamentações próprias que exigem uma abordagem ainda mais detalhada. 

Principais aspectos a serem avaliados 

  1. Estrutura societária e governança corporativa
  • Verificação do contrato social e seus aditivos; 
  • Composição do quadro societário e eventuais restrições à transferência de quotas/ações; 
  • Identificação de conflitos entre sócios e a existência de acordos societários; 
  • Cumprimento das normas de governança corporativa e boas práticas empresariais; 
  • Exame do histórico de alterações societárias e eventuais litígios relacionados. 
  1. Contratos e obrigações comerciais
  • Análise de contratos de fornecimento, distribuição e parcerias; 
  • Condições gerais de contratos com clientes e fornecedores; 
  • Cláusulas de rescisão, penalidades e obrigações futuras; 
  • A existência de contratos de exclusividade ou limitações comerciais; 
  • Identificação de possíveis cláusulas abusivas ou que possam impactar a operação da empresa adquirida; 
  • Revisão de eventuais pendências contratuais e passivos que possam ser transferidos ao comprador. 
  1. Questões trabalhistas e previdenciárias
  • Avaliação da regularidade dos vínculos empregatícios; 
  • Existência de passivos trabalhistas e ações judiciais em andamento; 
  • Conformidade com normas de segurança do trabalho; 
  • Obrigações previdenciárias e recolhimento correto de tributos; 
  • Identificação de benefícios concedidos aos funcionários e impactos financeiros futuros; 
  • Exame de acordos coletivos e eventuais obrigações decorrentes de negociações sindicais. 
  1. Aspectos tributários e fiscais
  • Regularidade fiscal e possíveis débitos tributários; 
  • Existência de parcelamentos ou programas de regularização fiscal; 
  • Avaliação da estrutura tributária adotada e eventuais riscos fiscais; 
  • Histórico de fiscalizações e autuações por órgãos competentes; 
  • Identificação de contingências fiscais que possam impactar a liquidez da empresa adquirida; 
  • Análise de incentivos fiscais e benefícios tributários que possam ser aproveitados. 
  1. Propriedade intelectual e ativos intangíveis
  • Registros de marcas, patentes e direitos autorais; 
  • Licenças e contratos de cessão de direitos intelectuais; 
  • Riscos de violação de propriedade intelectual de terceiros; 
  • Preservação do segredo industrial e contratos de confidencialidade; 
  • Avaliação da reputação da marca e seu valor no mercado; 
  • Identificação de eventuais litígios envolvendo direitos autorais e propriedade industrial. 
  1. Conformidade regulatória e ambiental
  • Autorizações e licenças necessárias para operação; 
  • Regularidade ambiental e impacto de passivos ambientais; 
  • Conformidade com legislação específica do setor de atuação; 
  • Riscos regulatórios e possíveis autuações por órgãos fiscalizadores; 
  • Avaliação da política ambiental da empresa e seu alinhamento com práticas sustentáveis; 
  • Identificação de obrigações pendentes relacionadas ao cumprimento de normas ambientais. 
  1. Litígios e contencioso
  • Histórico de processos judiciais e administrativos; 
  • Riscos financeiros e estratégicos associados a litígios; 
  • Estratégia de defesa e precedentes jurisprudenciais aplicáveis; 
  • Possíveis impactos reputacionais decorrentes de disputas legais; 
  • Exame de processos arbitrais e potenciais acordos extrajudiciais; 
  • Avaliação da capacidade da empresa em mitigar riscos jurídicos e evitar novos litígios. 

Importância da due diligence na decisão de compra 

A due diligence jurídica permite que os compradores negociem com base em informações concretas, podendo ajustar o preço da transação, exigir garantias ou até mesmo desistir da aquisição em casos de riscos elevados. A ausência de uma análise detalhada pode resultar em passivos significativos e comprometer a viabilidade do investimento. Além disso, empresas que realizam um processo de due diligence eficiente conseguem obter melhores condições contratuais e minimizar possíveis problemas futuros. 

Os riscos associados a uma aquisição sem uma devida diligência podem incluir: 

  • Responsabilidade por passivos ocultos; 
  • Comprometimento da operação devido a irregularidades fiscais e trabalhistas; 
  • Litígios e disputas que podem impactar financeiramente a empresa adquirida; 
  • Problemas regulatórios que impeçam a continuidade das atividades; 
  • Desvalorização do investimento devido à descoberta tardia de problemas jurídicos. 

Conclusão 

A due diligence jurídica é um processo essencial para garantir segurança e transparência na aquisição empresarial. No Brasil, é fundamental contar com profissionais especializados que possam analisar com profundidade todas as variáveis legais envolvidas. Uma avaliação criteriosa pode evitar prejuízos e garantir que o investimento traga os resultados esperados. 

Investidores e empresas que negligenciam essa etapa podem enfrentar consequências graves, incluindo sanções regulatórias, perdas financeiras e dificuldades operacionais. Portanto, a realização de uma due diligence detalhada deve ser vista como um investimento estratégico para assegurar o sucesso de qualquer operação de fusão e aquisição. 

Em caso de dúvidas, entre em contato com um advogado tecnicamente habilitado para uma orientação adequada e de acordo com o seu caso.